Sérgio Aragonés: Destrói a DC
Um dos mais conceituados artistas da revista Mad ficou conhecido pelo personagem Groo (uma sátira escrachada ao herói Conan) aqui também temos seu maior colaborador e amigo Mark Evanier.
É interessante notar que na própria edição temos um resumo sobre a vida dos artistas (então não precisamos pesquisar na web para saber sobre eles).
Durante os anos 1990 tivemos um crescimento na violência dos super-heróis e esta edição foi um oásis naquele marasmo que havia.
A história é muito louca e divertida tipo as quais vemos na citada revista acima. E então temos Ajax caminhando pela calçada de sobretudo com uma explicação de sua vestimenta (e também uma insinuação que talvez seja um tarado disfarçado).
Quando ouve um grito sai em disparada para ajudar, mas encontra o Gavião Negro que a princípio não reconhece o amigo. E nisso aparecem a Canário Negro, Capitão Marvel, Estelar, Arqueiro Verde (Connor Hawke) e Starman (David Knight).
Logo mostra Sergio Aragonés com Mark Evanier e Sergio diz que esteve na DC Comics, mas ficou um tempão esperando para ser atendido (tanto que uma planta cresceu ao seu lado).
E após ver um garotinho entrar e ser esnobado pela secretária. Já que ela não podia deixar ninguém entrar principalmente quem havia trabalhado com Groo. Então decidiu desenhar “todos” os super-heróis pra mostrar que seu trabalho era bom.
A introdução ao Super-Homem é hilária, pois além das frases clássicas capaz de pular mais alto que um prédio (na janela uma mulher tapa os seios), mais rápido que uma locomotiva (um homem é levantado pro ar), seu corpo indestrutível leva tiros (que ricocheteiam nas pessoas) e mais forte que uma locomotiva (salvando duas mulheres que estão presas) enquanto o maquinista pula fora.
Depois vemos outras situações como Superman lutando contra Lex Luthor (que odeia cabeludos), enganando MXYZPLTK, dando uma cantada em Lois que novamente esnoba Clark. Ou trocando de roupa na cabine telefônica (e quando sai voando pela janela um casal comenta isso).
É na introdução ao Batman que tudo fica mais divertido. Mostrando a noite do assassinato (onde o ladrão reclama que dos pais não entenderem que estão sendo assaltados). Ou ainda do trauma de Bruce (um flashback que aparecerá dezenas de vezes na histórias do Batman).
E também sua obsessão em vingar a morte dos pais. Seja estudando química ou treinando seu corpo para alcançar a perfeição física ou esbanjando uma garota. Para depois trajando o uniforme caçar bandidos pela noite (assustando um pobre morador de rua que suspira aliviado ao notar que o Batsinal está no céu).
Ao ser enviado para um parque de diversões por Jim Gordon para enfrentar o Coringa, mas chega batendo no palhaço errado. O verdadeiro Palhaço do Crime diz que sua psicose é tão semelhante a dele que “o” Morcego não suportaria a verdade. É quando vemos novamente o Gavião Negro acompanhado do Homem de Aço chamando-o para evitar a crise.
Na introdução da Mulher-Maravilha seus atributos são confundidos com uma travesti, ela surge do nada (sugerindo que todo herói salta do nada), uma mulher na janela do prédio diz que já foi bonita assim e a heroína presencia um assalto (ou a refilmagem da origem do Batman).
Pra deter o meliante que acha que Amazona está muito longe (ela chuta seus países baixos) explicando que suas pernas são desenhadas bastante longas. Ao avisar que vai amarrar e bater no bandido aparece uma multidão de homens querendo que faça o mesmo com eles.
Após forjar um vendedor de carros a dizer a verdade leva um a menina para Themyscira ou ainda quando é invadida por um bando de homens que desejam transformar a ilha num bordel.
Até a Legião dos Super-Heróis é mostrada algo clássico quando escolhem um novo candidato para entrar na equipe. O Garoto-Cotonete, Guri Um-Sucesso (que toca músicas que foram um sucesso só), Mulher-Windows (que entende o Windows 95).
Ou ainda o melhor de todos Rapaz Déjà Vu (que faz o mesmo evento se repetir) ele aparece várias vezes, mas ninguém leva a sério. A confusão é formada quando uma invasão alienígena começa e um integrante da frota pergunta quem é o líder da equipe até que o Gavião surge “novamente”.
As situações são tão loucas e absurdas que tornam nossa viagem ótima. Ainda mais quando temos comentários dos próprios personagens sobre as crises da editora e das tragédias na vida dos heróis.
Quando se encontram num planeta desolado falam de coisas como: a morte do Super-Homem, a Queda do Morcego ou ainda Hall virando Parallax e Aquaman perdendo a mão.
Temos várias reclamações até Batman descobrir o vilão da história (alguém que nem mesmo o autor sabia quem era). Então descobrimos ser um tal de Johnny DC o logotipo da editora nos anos 1960.
Ele se adapta para os anos 1990 virando um monstro, mas é derrotado ao pronunciar seu nome de trás pra frente (igual ao anão dimensional inimigo do Super).
A parte boa é mostrar Sergio Aragonés e Mark Evanier comentando sobre a HQ. Logo quando o artista leva pra editora é rejeitada, mas ao invés de ser jogada no lixo vai para ser impressa.
Esta edição fantástica ganhou o Will Eisner (OSCAR dos quadrinhos) justamente por mostrar com bom humor o universo dos heróis da DC Comics em seus mínimos detalhes. E teve continuações Sergio Aragonés Massacra a Marvel e Sergio Aragonés Esmaga Star Wars.
HQ: Sergio Aragonés Destrói a DC
Editora: Abril Jovem
Ano: 1998